Encerramento de uma Era: Reflexões sobre a morte de Divaldo Franco

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A morte do médium Divaldo Franco marca o fim simbólico de uma era no movimento espírita brasileiro — uma era em que médiuns renomados foram alçados à condição de líderes do Espiritismo. Mas é preciso dizer com toda a clareza: essa função jamais lhes competiu.

Divaldo Franco, como espírito encarnado, certamente realizou o bem. Em muitos momentos, posicionou-se corretamente quanto à Doutrina Espírita. Porém, seu trabalho — como o de qualquer médium — precisa ser analisado à luz da razão e confrontado com os princípios estabelecidos por Allan Kardec. Infelizmente, diversas de suas obras se afastam desses fundamentos, frequentemente adotando ideias ligadas ao roustainguismo e ao karma, conceitos que não pertencem à estrutura doutrinária do Espiritismo.

É importante frisar: não se “volta” ao mundo espiritual. Jamais o deixamos. Somos espíritos encarnados, e o mundo material é apenas uma expressão transitória da realidade espiritual. Esse ponto, tantas vezes simplificado ou distorcido, precisa ser resgatado em sua profundidade.

Chega de Idolatria

O movimento espírita precisa urgentemente abandonar a idolatria de médiuns. Nomes famosos são aceitos sem crítica, e suas psicografias publicadas às centenas, sem qualquer exame doutrinário rigoroso. O Espiritismo, sendo ciência, exige exame crítico constante — e esse exame não pode ser dispensado por conta da fama ou da suposta elevação moral de quem escreve ou transmite uma mensagem.

Sejamos diretos: muitas das comunicações atribuídas a espíritos superiores por Divaldo e outros médiuns não resistem à análise racional. Algumas são bem-intencionadas, mas reproduzem ideias terrenas. Outras são mistificações. A diferença entre elas só pode ser percebida com estudo sério, raciocínio e prática da evocação consciente e criteriosa — exatamente como ensinava Kardec.

Alerta: A Disputa pelo Espaço Vago

Com a partida de Divaldo, o espaço simbólico que ele ocupava ficará vago — e é aqui que precisamos redobrar a atenção. Alguns médiuns, já bastante conhecidos por suas supostas “cartas do além”, recheadas de clichês emocionais e doutrinariamente pobres, certamente tentarão ocupar esse lugar.

É preciso discernimento. As tais cartas que confortam sem esclarecer, que emocionam sem instruir, que repetem chavões e ideias banais, são o oposto da proposta de Allan Kardec. Representam o Espiritismo sentimentalizado, moralista e desconectado da investigação séria. Não podemos permitir que o Espiritismo continue sendo moldado por esse tipo de mediunidade superficial.

É Hora de Retomar o Espiritismo Verdadeiro

A Doutrina Espírita não precisa de líderes. Precisa de espíritas comprometidos com o método de investigação racional dos fenômenos espirituais, com a evocação ativa dos Espíritos e com o exame minucioso das mensagens. Kardec nos mostrou isso de forma inequívoca.

Para quem deseja compreender melhor esse modelo de organização colaborativa, recomendamos dois textos fundamentais da Spiritist Magazine, ambos de Allan Kardec:

  • Dezembro de 1861Organização do Espiritismo
  • Dezembro de 1868Transitory Constitution of Spiritism

O verdadeiro Espiritismo é feito em rede, por todos, com método, com crítica, com razão. Chegou a hora de deixar os mitos e os ídolos para trás e retomarmos o caminho traçado por Kardec — sem desvios, sem aduladores, sem “cartinhas do além” recicladas em livros que apenas repetem o que o mundo já conhece.

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