Cartilha de Recomendações

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Organização dos Grupos

A cartilha de recomendações reúne uma série de sugestões para o presente e para o futuro, no que tange à organização de grupos para a retomada dos estudos espíritas, de forma metodológica e organizada. Recomendamos a leitura atenta de todo o exposto a seguir.

Grupos de Estudo

Os Grupos de Estudo (GEs) poderão contar com a quantidade de membros que cada grupo achar necessário, embora recomendemos que o tamanho do grupo não seja muito superior a 10 pessoas e que a admissão de novos membros seja realizada de forma muito cuidadosa.

Conforme for possível e lembrando da necessária seriedade e cuidado que merece o tema, poderão vir a fazer parte desses grupos médiuns que queiram, sem nenhum interesse que não o da caridade, auxiliar nos trabalhos do grupo, atuando como intermediário entre a espiritualidade e nós. Tal atuação deverá se dar com muito discernimento e muito bom-senso, visando seguir os passos de Allan Kardec, não desejando obter conhecimentos apressadamente mas, antes, permitindo que a própria espiritualidade conduza o avanço desses conhecimentos. Para isso será imprescindível conhecer e estudar as obras básicas recomendadas na página respectiva.

É muito importante que um GE, além de um membro presidente, tenha também ao menos um membro suplente, que compartilhará das funções do primeiro, principalmente em sua ausência.

Recomendamos que os GEs tenham uma conta no Google ou outro provedor de serviços, onde estes possam contar com e-mail, área para armazenamento seguro de arquivos na nuvem, etc. Essa conta deverá ser aberta pelo presidente do Grupo e precisará ocasionalmente ter suas informações de acesso compartilhadas com os membros suplentes. Nela, deverá haver a seguinte estrutura no Google Drive:

  • Pasta pública, onde serão disponibilizados publicamente, para leitura, todos os documentos gerados pelos estudos do grupo. Esses documentos, facilmente acessíveis, poderão promover a criação de artigos, vídeos, etc. Importantíssimo: Nessa pasta jamais poderão ser compartilhados conteúdos eventualmente obtidos por via mediúnica que ainda não tenham sido submetidos e “aprovados” pelos Grupos Confederativos (GF).
  • Pasta particular, com acesso restrito, onde serão armazenados os documentos com conteúdos eventualmente obtidos por via mediúnica, no GE. Essa pasta jamais poderá ser compartilhada publicamente, mas os documentos, quando oportuno, deverão ser compartilhados com o(s) GF(s), que então farão a análise metodológica devida.

Resta adicionar que recomendamos que as reuniões dos GEs sejam sempre gravadas, de forma a disponibilizar publicamente os estudos daí obtidos. Contudo, asseveramos que as eventuais reuniões que envolvam fenômenos mediúnicos jamais devem ser disponibilizadas publicamente, sob a pena de abrir campo às vaidades nascentes das presunçosa exposição pública, tampouco devem abordar assuntos obtidos por via mediúnica que ainda não tenham sido submetidos e “aprovados” pelo(s) GF(s). Agir em contrário disso, compartilhando muito cedo um conteúdo obtido por via mediúnica, já o dissemos, será colocar em dúvida aquele conteúdo, causando mais complicações e mesmo perda de tempo aos próprios membros do grupo, médiuns ou não, encarnados e desencarnados.

Grupos Confederativos

Os Grupos Confederativos (GFs) poderão (ou talvez deverão) ser estruturados aos moldes dos planejamentos de Kardec, com um número ideal de 12 membros titulares e de 12 membros suplentes, mas talvez iniciando com um número mínimo de 3 membros titulares e 3 membros suplentes.

Os GFs poderão, na hipótese de se multiplicarem, trocar informações entre si, auxiliando nos trabalhos necessários e, talvez, possa se tornar necessária a criação de uma Federação, sem nenhum propósito hierárquico, mas com o único propósito de reunir, periodicamente, membros dos GFs. Lembramos que a base dessa organização é justamente retirar poderes hierárquicos, a fim de que os conhecimentos não sejam centralizados em uma só entidade, com uma só voz. É algo diferente do que existe hoje no país, onde, quase sempre, as Federações deliberam e apenas repassam aos centros espíritas afiliados.

Os GFs também precisarão contar com um ou mais membros suplentes ao presidente, que deverão compartilhar das responsabilidades do primeiro, em sua ausência, mas, neste caso, o presidente tem apenas função de coordenação e organização, tendo a sua voz tão importante quanto os demais membros do grupo, se abstendo de tomar deliberações quaisquer contra a opinião da maioria do grupo.

Os GFs deverão ter também uma conta no Google, aberta pelo presidente do Grupo e com informações de acesso compartilhadas com os membros suplentes. Sua estrutura será idêntica à dos GEs, com pequenas alterações nas finalidades:

  • A pasta pública conterá documentos criados sobre os conteúdos que já tenham sido internamente analisados. Nela, deverão ser registradas as análises que levem tanto a aceitação quanto a rejeição de determinado conteúdo.
  • A pasta particular deverá reunir cópias dos documentos disponibilizados pelos GEs, formulados sobre conteúdos obtidos por via mediúnica. Imprescindível lembrar que esses documentos jamais deverão ser disponibilizados publicamente sem que tenham sido cuidadosamente analisados, sob a metodologia necessária.

Coordenação dos estudos entre os Grupos

Há algo mais, também, que requererá o apoio dos Grupos Confederativos ou da Federação: algum tipo de esforço na coordenação dos estudos distribuídos entre os grupos de estudos associados, no caso do intercâmbio com o plano espiritual através de Médiuns. Isso será necessário a fim de que não haja uma infinidade de assuntos diferentes sendo tratados nos diferentes grupos, de forma desencontrada, produzindo uma quantidade de materiais desencontrados que venham a dificultar a tarefa de análise metodológica. O papel dos GFs, nesse sentido, seria como o de Kardec, coordenando os assuntos e submetendo as questões importantes para médiuns em várias partes.

Dissidências

Como sempre foi e não deixou de ser à época de Kardec, as dissidências, isto é, os grupos que tomarão outros caminhos, talvez avessos ao modelo que aqui propomos, existirão, sem sombra de dúvidas. Podemos esperar, inclusive, que venham a se constituir grupos contrários ao nosso método, baseado nos passos de Kardec, e que possam mesmo ir contra os princípios espíritas. Não serão espíritas, mesmo que se autodenominem como tal – como, aliás, já acontece – e, sobre eles, não devemos dar maior atenção do que aquela que a fraternidade universal demanda. Se forem desse tipo de opinião resistente e vaidosa, que não se rende à razão, o silêncio que não dá audiência é a melhor solução. Talvez encontrem alguns adeptos, mas, se o trabalho dos demais Espíritas se mantiver com a energia e a vigilância necessárias, não encontrarão campo para crescerem.

Aliás, sobre isso, mais uma vez temos o exemplo em Allan Kardec que, praticamente sozinho, fez o Espiritismo se espalhar com tanto vulto sobre a França.

Primeiros passos

O grupo se reunirá com periodicidade definida, em data e horário a combinar, conforme a disponibilidade da grande maioria dos participantes. Utilizaremos os diversos meios possíveis, buscando a realização de encontros on-line, gravados, a fim de disponibilizar o conteúdo desses estudos através de meios como o Youtube. Transcrições ou criação de artigos sobre esses conteúdos serão bem-vindas e serão disponibilizadas no acervo do grupo.

Cremos que poderíamos tomar os primeiros passos de nossos estudos da seguinte forma:

  • formação do grupo inicial, coeso e bem integrado
  • realização de um primeiro encontro, on-line, gravado, para inauguração dos estudos e afirmação dos princípios, preceitos e conceitos básicos do Grupo
  • realização de estudos sobre a Revista Espírita, conteúdo tão importante e tão esquecido, que nos dará muito material para discutir muitos temas tratados com mais detalhe nessas publicações. Isso será um estopim para o desenrolar de diversos assuntos, buscando aprofundá-los sempre que possível
  • na eventualidade da Espiritualidade nos fornecer os meios para a retomada do estudo intermediado por médiuns participantes do grupo, será necessário se ater àquilo estipulado em “Contato com Outros Grupos”, a fim de que não disponibilizemos para outras pessoas o conteúdo que ainda não tiver passado pelo crivo metodológico necessário. Agir ao contrário disso seria colocar em dúvida , uma vez mais, a confiabilidade de tais ensinamentos, dificultando o aprendizado iluminativo.

Contato com outros Grupos

Quiçá possamos iniciar esse movimento de resgate do estudo aplicado da Doutrina dos Espíritos. Rogamos a Deus possamos fazê-lo, como diminutas formiguinhas que iniciam o formigueiro através de um grão de areia. Precisamos, contudo, encontrar uma forma ideal nessa interação, sobretudo se nos for dado o consentimento divino de voltar a receber conteúdos do plano espiritual. Para isso, contudo, precisamos buscar nos espelhar o máximo possível nos passos de Allan Kardec, sem a pretenção de conseguirmos ser tão sábios, conscienciosos e contar com tanto bom-senso como ele próprio o possuía – mas é preciso ter uma base onde nos fixarmos.

Gostaria de dizer, de início, que devemos procurar ser, de nossa parte, o “Homem de Bem”, tão bem descrito por Kardec em “O Evangelho segundo o Espiritismo > Capítulo XVII – Sede perfeitos > O homem de bem”, um dos seus textos mais lúcidos e tocantes e que tanto denotam o grau de entendimento que esse Espírito teve sobre o Espiritismo. Precisamos, principalmente, termos a firmeza aliada à caridade, não lançando anátema nem tentando violentar as consciências que estarão, muitas, em graus de entendimento muito longe daqueles que buscamos alcançar por meio deste estudo.

Ensinamentos dos Espíritos nos dias atuais

Contudo, há algo tão importante quanto ou ainda mais, no tocante à essa possibilidade de voltarmos a receber conteúdos da espiritualidade: como adotar uma metodologia necessária, em tempos em que a comunicação pode estar no mesmo segundo em todos os pontos do globo? À época de Kardec era fácil obter conteúdos com grande garantia de que não haviam sido “contaminados” por outros médiuns ou grupos, isto é, quando um mesmo ensinamento vinha de diversos pontos do globo, ou mesmo da Europa, ao mesmo tempo, era possível ter grande confiança de que o médium da Provença, por exemplo, não teve contato com o médium da Toscana, obtendo dele, e não da espiritualidade, o conteúdo transmitido. Em tempos de Internet e telefonia globais, isso se torna um desafio a mais, mas cremos poder minorar essa possibilidade de contaminação através dos seguintes preceitos metodológicos, de certa forma já prescritos por Allan Kardec:

Recomendações Práticas

  1. Os grupos de estudo constituídos precisam manter contato entre si, dando notícias de sua existência. 
  2. Através disso, poderão ser formados outros grupos, aos quais chamaremos Grupos Confederativos, formados por indivíduos que, obrigatoriamente, não sejam os médiuns que participam como medianeiros dos conteúdos transmitidos pela espiritualidade, nos Grupos de Estudo.
  3. Os conteúdos obtidos através dos médiuns de cada grupo de estudo não podem ser compartilhados com outros grupos de estudo, nem com outras pessoas fora desse grupo, senão com aquelas pertencentes aos Grupos Confederativos, de forma sigilosa, a fim de que esse material seja reunido e submetido à metodologia necessária. A necessidade do sigilo se faz para que o conteúdo não cause enviesamento a outros grupos.
  4. Os Grupos Confederativos, após colherem e analisarem, coordenadamente, materiais dos diversos grupos de estudo, deverão se reunir publicamente para apresentar evidências e resultados de suas análises, de forma que os Grupo de Estudo possam verificar e comprovar da boa-fé do grupo confederativo.

Dessa forma, garante-se grande confiabilidade de que os ensinamentos provenientes de diversos grupos de estudo, através de seus médiuns participantes, não estão enviesados por conteúdos de outros grupos e médiuns.

O trabalho do Grupo Confederativo, então, seria coordenar esses conteúdos, buscando analisá-los pela mesma metodologia científica de Kardec, aceitando aqueles que se mostrem concordantes e que atendam ao crivo da razão e da lógica, bem como aos ensinamentos já anteriormente positivados pelo mesmo método.

Há, ainda, o problema que sempre existiu de determinado conteúdo estar enviesado por outros conteúdos previamente conhecidos, mas não necessariamente corretos, como é o caso da teoria dos sete corpos astrais. Contudo, aos grupos dotados de boa-fé e humildade, poderão facilmente verificar quais são os conteúdos que (1) vão contra aquilo que já estava positivado pela própria codificação kardequiana e que (2) poderão ser facilmente desmentidos pelo próprio estudo.

Lembramos que nossa condição não será a de pesquisadores que se ponham a fazer as mais variadas perguntas, esperando que sejam respondidas conforme nossa vontade, mas sim a de pessoas que, partindo do preceito da humildade e da disponibilidade em aprender, estarão atentas aos ensinamentos recebidos, procurando compreendê-los em sua extensão, dentro dos limites que a espiritualidade superior traçar para nós, assim como era feito à época de Allan Kardec. Assim, como Kardec, precisaremos organizar perguntas de forma construtiva, avançando ou modificando os rumos conforme forem dadas as respostas.

É claro que tudo isso demanda uma grande dose de honestidade e confiança, bem como de humildade e honra dos membros de ambos os grupos. É algo que, contudo, com a seriedade necessária, poderá ser atendido, como fazia Allan Kardec, que sempre buscava obter informações a respeito da índole das pessoas de onde chegavam as informações.