Bicorporeidade

Imagem de capa - Fenômeno de bicorporeidade. Reprodução de Padre Pio, com título do artigo.
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Será possível alguém estar em dois lugares ao mesmo tempo? Claro que sim! Esse fenômeno se chama BICORPORIEDADE. É o que trata este artigo da Revista Espírita de dezembro de 1858.

Fonte: Filme Bilocation (2013) https://www.nichi-eidomain.com/bilocation-2013/

Trata-se da história de um jovem que se deita, sem sair de casa, vai até Londres onde se reune a seus amigos, toma café, brinca e depois volta para seu lar, sem nada se lembrar.

Resumidamente, assim aconteceu:

Um correspondente do interior da França enviou uma carta dizendo que, depois que, “por ordem dos Espíritos”, magnetizou seu filho, ele se tornou médium muito raro.

Um caso, em especial, chamou-lhe a atenção: o filho, após ler em um livro de Barão Du Potet sobre a aventura de um doutor da América, cujo Espírito foi visitar um amigo a grande distância, disse ao seu guia que gostaria de fazer o mesmo. Seu guia disse-lhe, então: Amanhã é domingo. Não és obrigado a te levantares cedo para trabalhar. Dormirás às oito horas e irás passear em Londres até as oito e meia. Sexta-feira próxima receberás uma carta de teus amigos, censurando-te por teres ficado tão pouco tempo com eles.

Disse o pai: Efetivamente, no dia seguinte, pela manhã, à hora indicada, ele caiu num sono profundo. Despertei-o às oito e meia. Ele não se lembrava de nada. De minha parte nada lhe disse, esperando os acontecimentos.

E como prometido, uma carta chegou pelos correios: “o carteiro veio entregar uma carta de Londres, na qual os amigos de meu filho censuravam-no por ter passado com eles apenas alguns minutos, no domingo anterior, das oito às oito e meia, com uma porção de detalhes que seria longo aqui relatar, entre os quais o fato singular de ter tomado o café da manhã com eles”

Tendo sido contado o fato acima, um dos assistentes disse que a História narra diversos casos semelhantes. Citou Santo Afonso de Liguori, que foi canonizado antes do tempo exigido, por se haver mostrado simultaneamente em dois lugares diferentes, o que foi considerado como um milagre.

Fonte em: https://www.imagensbonitas.com.br/2017/07/santo-afonso-maria-de-ligorio.html

Na primeira, de aspecto religioso, Afonso saiu do convento de Ciorani para Pagani e ao mesmo tempo foi visto atendendo confissões na igreja redentorista de Ciorani.

Na segunda ocasião de cunho religioso o Santo pregava missões populares em Amalfi, Italia. Foi em 1756. Durante a missão, foi visto simultaneamente pregar na catedral de Amalfi e atender confissões na casa em que os missionários estavam alojados.

Antonio Benedetto Maria Tannoia (II, c. 44), seu biógrafo, comenta: “Um anjo, querendo dar prosseguimento a seu zelo em acolher os pecadores, quis substituí-lo no púlpito”.

Na terceira ocasião, esta de cunho social, o santo estava em Nápoles e simultaneamente em Pagani, onde todos os sábados costumava ajudar uma ex-prostituta que conseguira converter. Isto aconteceu em 1759.
A última ocasião reveste-se de cunho político-religioso. No dia 22 de setembro de 1774, Afonso encontrava-se em Arienzo, um lugarejo de sua diocese de Santa Ágata dei Goti, para onde se dirigia naqueles dias em que fazia muito frio. Ao mesmo tempo foi visto em Roma, ao lado do leito de morte do Papa Clemente XIV, assistindo-o. (Esse caso foi documentado pela Igreja Católica).

Observação: A Igreja diz que a “bi locação” é uma manifestação extraordinária do poder de Deus, consistindo na presença corporal de uma pessoa, ao mesmo tempo, em dois ou mais lugares. Fisicamente, a bi locação é impossível aos seres materiais, pela própria natureza das coisas.

Também existem alguns relatos de bicorporiedade de Santo Antônio de Pádua. O mais famoso dele foi na ocasião da acusação que seu pai sofreu de assassinato: Certa vez, pregando em Pádua, o santo sentiu forte intuição de que sua presença era necessária em Lisboa naquele exato momento. Sentou-se ao lado do púlpito e, como já havia feito uma vez, cobriu a cabeça com o capeio, o capuz dos franciscanos. Apareceu em seguida no Tribunal de Lisboa, onde fez a defesa contundente do pai. Para provar a inocência de seu genitor, rumou acompanhado das autoridades ao cemitério. Para assombro dos presentes, ressuscitou a vítima, que inocentou o acusado de qualquer responsabilidade por sua morte. Permitiu então, que o assassinado, retornasse ao seu descanso. Logo depois, muito além, recobrou a consciência e retomou sua pregação.

Fonte: https://joseleitos.org.br/por-que-santo-antonio-entrou-na-historia-da-congregacao-sociedade-joseleitos-de-cristo/

A primeira vez que isso aconteceu foi em Limoges, sul da França, no ano de 1226. Na Quinta-feira Santa, o frei pregava na Igreja de São Pedro. No mesmo instante, a alguns quilômetros dali, seus irmãos franciscanos já cantavam as matinas no convento. Por ter o cargo de Custódio cabia a ele a responsabilidade de ler uma lição do ofício para os seus irmãos.

No exato momento em que deveria estar presente no convento, o frei interrompeu seu sermão e se recostou no púlpito, cobrindo o rosto com o capuz. Para surpresa dos frades menores, a voz do frei português soou entre o coro dos franciscanos. Cantou a lição e cumpriu sua tarefa junto a seus irmãos, para em seguida desaparecer e despertar de seu aparente cochilo na Igreja de São Pedro.

Assim, para começar a esclarecer o fenomeno, Kardec fez a evocação do mencionado anteriormente Santo Afonso de Liguori. Foram feitas as seguintes perguntas:

1. ─ O fato pelo qual fostes canonizado é real? ─ Sim.

2. ─ Esse fenômeno é excepcional?─ Não. Ele pode apresentar-se em todos os indivíduos desmaterializados.

3. ─ Era motivo justo para vos canonizarem? ─ Sim, pois que por minha virtude eu me havia elevado para Deus. Sem isso eu não teria podido transportar-me simultaneamente para dois lugares diferentes.

4. ─ Todos os indivíduos com os quais ocorrem esses fenômenos merecem ser canonizados? ─ Não, pois nem todos são igualmente virtuosos.

Comentário: Liguori faleceu em 1787 – bastante recente, em termos de vida espírita. Na época de sua evocação, apresenta pensamentos ainda bastante imbuídos das ideias católicas. Acabamos de ver, e em OLM Kardec dá outros exemplos, que a bi corporeidade parece não depender tanto assim de uma virtuosidade tão elevada. É preciso ter certeza se era mesmo esse fenômeno, ou se foi apenas o caso de outra pessoa, vidente, ver o Espírito semidesligado do corpo adormecido.

5. ─ Poderíeis dar-nos uma explicação desse fenômeno? Sim. Quando o homem, por sua virtude, se acha completamente desmaterializado; quando elevou sua alma para Deus, pode aparecer simultaneamente em dois lugares, do seguinte modo: Sentindo vir o sono, o Espírito encarnado pode pedir a Deus para se transportar a um lugar qualquer. Seu Espírito ou sua alma, como queirais chamar, então abandona o seu corpo, seguido de uma parte de seu perispírito e deixa a matéria imunda num estado vizinho ao da morte. Digo vizinho ao da morte porque fica no corpo um laço que liga o perispírito e a alma à matéria, e esse laço não pode ser definido. O corpo então aparece no lugar desejado. Creio que é tudo o que desejais saber.

Comentário: mais uma vez, uma grande quantidade de conceitos que têm, no fundo, as ideias católicas como influência determinantes.:” Pedir a Deus”,” Matéria imunda”, ” Vizinho à morte”. Ao mesmo tempo, caracteriza a veracidade da comunicação.

Observação: A resposta a questão 5 caracteriza uma certa ambiguidade na comunicação em relação a resposta da questão 2, pois se a bi corporiedade pode se manifestar em todos os indivíduos materializados, nem só os virtuosos o conseguem.

6. ─ Isto não nos dá a explicação da visibilidade e da tangibilidade do perispírito. – Achando-se desprendido da matéria, conforme o seu grau de elevação, o Espírito pode tornar a matéria tangível.

7. ─ Entretanto, certas aparições tangíveis de mãos e de outras partes do corpo devem-se evidentemente a Espíritos inferiores. – São Espíritos superiores que se servem dos inferiores a fim de provar o fato.

Observação: Se for exato que os Espíritos superiores se servem de inferiores a fim de provar o fato, explicaria o porquê de os Espíritos inferiores não poderem se materializar sob formas monstruosas, para assustar o povo. Explicaria o “Deus não permitiria”! Mais explicações clique aqui neste artigo

8. O sono do corpo é indispensável para que o Espírito apareça noutros lugares? – A alma pode dividir-se quando se sente transportada a um lugar diferente daquele onde se acha o seu corpo.

9. Que aconteceria a um homem mergulhado em sono profundo e cujo Espírito aparecesse alhures, se fosse despertado subitamente? – Isto não aconteceria, porque se alguém tivesse o intuito de despertá-lo, o Espírito preveria a intenção e voltaria ao corpo, tendo em vista que o Espírito lê o pensamento.

Divisão é um termo inexato. Melhor dizer que a alma, isto é, o períspirito, pode se estender para outros lugares, quando se tem essa capacidade.

O perispírito, estando estendido, não abandona jamais o corpo, senão por sua morte. É possível entender que, por isso, o Espírito, estando distante, perceba o que acontece ao redor do corpo.

Depois que essa comunicação nos foi dada, vários fatos do mesmo gênero, cuja fonte é autentica, nos foram contados, e entre eles há muito recentes, que ocorreram por assim dizer no nosso meio, e que se apresentaram com as circunstancias mais singulares. As explicações , às quais deram lugar, alargaram singularmente o campo das observações psicológicas.

Na RE de agosto de 1859, lemos o seguinte:

Comunicações – O Sr. Allan Kardec anuncia que viu o Sr. W… filho, de Boulogne-Sur-Mer, que foi questão na revista de dezembro de 1858, a propósito de um artigo sobre o fenômeno de bicorporiedade, e que lhe confirmou o fato de sua presença simultânea em Boulogne e em Londres.

O Espiritismo, a seu turno, vem dar a sua teoria. Ele se apoia na psicologia experimental; ele estuda a alma, não só durante a vida, mas após a morte; ele a observa em estado de isolamento; ele a vê agir em liberdade, ao passo que a filosofia ordinária só a vê em união com o corpo, submetida aos entraves da matéria, razão pela qual muitas vezes confunde causa e efeito.

AK, em RE maio de 1864
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