O rapaz e o oásis: uma fábula de esperança

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Em um determinado local, havia um grande deserto. Para onde se olhasse, não se via mais do que paisagens desoladas pelas areias que fustigavam qualquer coisa viva que tentasse sobreviver. Aqui e ali, porém, denotavam-se pequenos agrupamentos de elementos: eram pequenos vilarejos, formados nos pontos mais baixos das montanhas de areia e de pedras, onde, de alguma forma, era possível subsistir.

Esses pequenos vilarejos se mantinham às custas dos locais onde alguma água subterrânea aflorava, ou onde a água das chuvas esparsas se acumulavam por algum tempo. Era pouca água, um pouco lamacenta, e onde se dessedentavam homens e animais. Ao redor dessa água, cresciam alguma vegetação e plantava-se alguma coisa que mal dava para alimentar a todos – homens e animais.

Era assim a situação geral de todos esses vilarejos. Com o pouco que sabiam, transmitido entre gerações, buscavam se manter e manter o lamacento corpo de água. A vida era dura e saúde não era boa. Eram todos ensinados que somente ali seria possível sobreviver, pois, ao redor, somente havia areia e pedras, além de outros agrupamentos de similar situação.

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De vez em quando, um ou outro, cansado dessa situação, decidiam sair dos vilarejos para buscar algo além. Não se conformavam com aquela vida, mas saiam sem rumo, sem conhecimento algum sobre o derredor. Nunca mais voltavam. Muitos morriam no deserto, sem possibilidade de sobreviver. Outros, terminavam em outros vilarejos.

Em um desses vilarejos, vivia um rapaz, muito cedo orfanado e, por isso, criado em comum por outras pessoas. Desde pequeno, ensinado sobre as tradições ligadas à sobrevivência, esforçava-se para ajudar na conservação do ambiente que lhe permitia a subsistência, embora não se conformasse com aquele estilo de vida, tão limitado. Era perquiridor: buscava meios de obter mais água, de cultivar mais alimentos… Mas era tudo muito limitado e seus esforços não iam muito longe com o conhecimento que tinha.

Certo dia, caminhando pelas extremidades do vilarejo, uma forte rajada de vento, cheia de areia, trouxe com ela algo diferente: pétalas de flores e algumas folhas verdes. Ele as tomou do chão e as analisou. Eram diferentes de tudo o que tinham naquele vilarejo e, além de tudo, eram muito viçosas e bem desenvolvidas. Aquilo lhe despertou a curiosidade. Rapidamente, voltou ao seu pequeno casebre, tomou um cantil de água e algum alimento e saiu, sem dizer nada a ninguém. Tomou a direção de onde vinha o vento, sem saber o que encontraria.

O rapaz caminhou sob sol forte, sempre buscando sinais das folhas e flores, que encontrava aqui e ali. Por vezes, quase perdia a esperança, quando não encontrava em parte alguma sinais desses elementos. Sem desistir, ampliava um pouco mais a largura de suas buscas, sempre tentando se manter na direção correta. Logo, encontrava um pequena folha ou alguma pétala que, embora desidratadas, ele reconhecia como sendo do mesmo tipo encontrado anteriormente.

Veio a noite, e o rapaz se acomodou ao lado de um rochedo, onde encontrou algum calor para passar a noite. Alimentou-se sobriamente e notou que seu cantil já se encontrava quase pela metade… A preocupação lhe atormentou por algum tempo, mas logo dormiu e, no dia seguinte retomou a caminhada. Assim seguiu, por mais dois dias…

Por algum tempo, no meio do terceiro dia, andou o rapaz na direção sabida, mas não mais encontrava sinais das folhas ou das flores. Andou mais longe, alargou a busca, mas, nada. O desespero começou a alcançá-lo, pois seu cantil já continha apenas água lamacenta e ele já estava muito distante de sua origem. Sabia que voltar seria muito difícil, senão impossível, pois a desidratação já lhe atormentava o corpo.

Foi então que, caindo de joelhos em meio à areia, com lágrimas nos olhos ressecados, angustiado e sem esperança, uma borboleta pousou em seu ombro. Espantado, levantou-se. Ele não conhecia aquele inseto de tão belo voo. Algo lhe tomou novamente o ser e, com ânimo renovado, decidiu segui-la. Andou algumas centenas de metros, e logo percebeu outras borboletas ao redor. Notou que o chão começava a mudar. Aqui e ali, em meio à areia, que começava a ficar menos fofa, uma espécie de grama, algo ressecada, brotava e resistia. Seguiu nessa direção, e a paisagem ia mudando sucessivamente, até que alguns arbustos mais encorpados começavam a surgir e, mais ao longe, ele parecia divisar uma vegetação alta e densa… Mas o sol fustigava-lhe, a desidratação lhe causava tonturas e, de repente, um torpor lhe tomou e ele caiu ao chão, crendo que ali seria o seu fim.

Algum tempo depois, o rapaz acordou com seus lábios molhados de água fresca. Confuso, notou que estava encostado em uma grande árvore, que fornecia sombra fresca. Seus olhos estavam embaçados. Parecia ver, ao redor, algumas outras pessoas, mas não passavam de sombras turvas. Esfregou os olhos, buscando enxergar melhor, mas sem sucesso. Sentiu alguém aproximar e lhe jogar água sobre o rosto. Levou as mãos novamente aos olhos umedecidos, limpou-os e, aos poucos, notou a visão retornando. Foi quando conseguiu observar três pessoas ao seu redor, portando ferramentas e algumas bolsas de pano. Sorriam para ele. Uma delas entregou-lhe um cantil, do qual o rapaz bebeu com avidez. A água era fresca, límpida, como ele nunca havia ingerido antes, senão quando conseguia colher alguma água da chuva.

Refestelou-se daquele líquido e, em alguns momentos, sentiu a energia lhe retornando ao corpo. Teve forças e se levantou vagarosamente. Aquelas pessoas se aproximaram e quiseram lhe falar. Espantado, notou que falavam o seu idioma, embora com sotaque diferente! Convidaram-no a segui-las, ao que ele prontamente se entregou. Caminharam algum tempo em meio a uma linda floresta. Ele percebia o perfume, a umidade que lhe acalentava a pele, os sons de diferentes animais e do vento balançando as folhas. Notou, no chão, flores e folhas que ele reconhecia. Próximo, notou um riacho de água limpa e cristalina a correr em meio à vegetação. Que alegria ele sentia naquele momento!

Chegaram, então, ao centro de um vilarejo. Muitas pessoas viviam ali, todas de aparência saudável e rostos alegres. Haviam também animais e, nas proximidades, enxergava plantações verdejantes e robustas, algo totalmente diferente da realidade de seu local de origem.

Levaram-no, então, a uma casinha simples, onde se reuniam algumas pessoas em alegre conversação. Pareciam trabalhar em colaboração sobre o alimento oriundo das plantações. Rapidamente aquela gente o acolheu. Deram-no do que comer e beber, acomodaram-no como se fosse um dos seus, ouviram sua história e lhe contaram muitas coisas em retorno. Ali, o rapaz foi ensinado que a água que brota na superfície vem de muito fundo, e que encontra ali um local de saída. Que, para obter mais dessa água, seria necessário cavar um tanto mais, limpando o barro. Que poderiam fazer poços, para obtê-la fresca e cristalina e que, se as margens fossem cuidadas, com o plantio de certas plantas e árvores, aos poucos o corpo de água ganharia volume e qualidade. Ensinaram que as plantações de alimentos devem vir depois dessas áreas, para não facilitarem a evaporação. Ele rapidamente percebeu que era justamente o contrário do que faziam.

Também contaram ao rapaz que esses vilarejos espalhados pelo deserto foram originalmente formados por pessoas oriundas daquele lugar, muito, muito tempo antes. Eram pessoas que, apesar de viverem e se beneficiarem do conhecimento e da produção daquele lugar, pouco ou nada faziam para aprender e para colaborar. Convidadas constantemente ao trabalho necessário, decidiram afastar-se em um grupo e, depois, decidiram sair, com a intenção de formar elas mesmas suas próprias aldeias, onde acreditavam que poderiam fazer as coisas melhores, e de outra maneira. Isso aconteceu muitos, muitos anos antes e, desde então, eles não mais as viram por ali, embora, de vez em quando, algum bravo indivíduo saísse em missão de buscá-las para ajudá-las: encontrando-as, era rapidamente afastado pelas ideias que trazia e tinha que retornar àquele lugar.

O rapaz estava muito interessado. Questionava, queria saber mais. Compreendeu rapidamente que o conhecimento renegado foi a causa da miséria em que viviam esses vilarejos ou aldeias. Passou ali alguns dias, mas logo percebeu que tinha que retornar, pois precisava compartilhar com os seus tudo aquilo que viu e aprendeu. Tomada a decisão, saiu em viagem de retorno, dessa vez muito mais preparado, com alimento e água fartos. Conduziu-se sem maiores dificuldades ao seu vilarejo de origem, onde ingressou em alguns dias de jornada.

Muito alegre e com energia renovada, tomou o rapaz as ruas arenosas da pequena vila. Seu rosto expressava decisão, embora aqui e ali expressasse alguma tristeza por ver os seus companheiros, tristes e insalubres, encarando-o curiosamente. Buscou, contudo, não se afetar demais e, dirigindo-se aos chefes da vila, cheio de entusiasmo, contou do acontecido, pedindo que fosse realizada uma reunião naquela noite, onde pudesse expor aos demais tudo o que viu e aprendeu. Os chefes da vila receberam suas palavras com olhares de espanto e de incredulidade. Ao final, negaram-lhe a reunião solicitada, dizendo que tudo aquilo não passava de absurdos e que eles estavam certos dos ensinamentos de seus antepassados, aos quais se agarravam com paixão. Além disso, repreenderam-no duramente por ter se retirado sem aviso, pois causou enorme preocupação em todos do vilarejo.

O rapaz não conseguia acreditar. Incrédulo com aquela recepção amargosa, tomou outro caminho: decidiu que ele mesmo buscaria reunir algumas pessoas e que, depois disso, se fosse expulso pelo desrespeito, teria para onde ir. Assim, saiu pelas ruas do vilarejo. Encontrou muitos companheiros de vida e, um a um, foi contando resumidamente sua história e convocando-os para uma reunião, em seu casebre. Muitos expressavam um brilho no olhar, mas diziam não se sentir fortes para abandonar seus hábitos; outros, lhe acusavam de blasfemar contra os ensinamentos de sua tradição; outros, ainda, temiam serem expulsos dali pelos chefes do vilarejo, por pensarem diferentes.

Chegada a hora da reunião, esperava ansioso a chegada de muitos… Esperou, esperou mas, além dele, compareceram apenas outros dois, amigos de infância, tímidos e incertos, mas que perceberam a importância daquilo que ouviram, já que eles mesmos pensavam que aquela situação e aqueles ensinamentos não eram suficientes ou corretos. O rapaz entristeceu-se por alguns instantes, percebendo que nada seria fácil. Ele viu a felicidade de outras pessoas, que colaboravam em um ambiente cuidado por seus próprios esforços. Viu a água cristalina, enquanto, sobre a mesa de seu casebre, restava um jarro de água lamacenta. Ele não podia não tentar.

Passados alguns momentos, tomou resolução diferente. Percebeu que aquele ambiente não aceitaria essas verdades, senão depois de muito tempo, e com a colaboração de pessoas que fossem compreendendo as verdadeiras e originais ideias. Decidiu convidar os presentes a acompanhá-lo em jornada para aquela aldeia distante. Os dois amigos prontamente aceitaram o convite. Queriam aprender mais, queriam viver melhor, e entenderam que, para ajudar àquelas pessoas, teriam que aprender muito mais e se fortalecerem.

Assim, partiram no dia seguinte. Já certo de seu caminho, o rapaz fez que viajassem mais preparados e com mais rapidez. Chegaram às margens da floresta em dois dias, sem muitas dificuldades. Ali, logo encontrou pessoas que os receberam e os conduziram à vila, onde foram todos recebidos com felicidade e integrados à sociedade dali. Em pouco tempo, aprenderam muito. Sentiam-se felizes e contentes, pois não viviam para subsistir e nem para cuidarem apenas de si. Havia colaboração genuína no uso e no desenvolvimento do conhecimento que permitia manter aquele grande oásis, verdadeiro paraíso em meio ao deserto. Mas esse senso de colaboração lhes dizia, no interior, que não podiam ter tudo aquilo somente para eles, pois, fora dali, seus semelhantes viviam em plenas miséria e infelicidade.

Assim, depois de algum tempo, esses três formaram uma iniciativa, à qual se juntaram outros jovens daquele lugar: deveriam planejar, de quando em quando, missões com destino a esses vilarejos, buscando conquistar corações pela razão. Aos poucos, mapearam diversos deles, para onde partiam todo ano, buscando encontrar ouvidos dispostos a escutá-los. Em alguns deles, não encontravam senão hostilidade, sendo mesmo banidos de um e de outro. Nos outros, eram aceitos com precauções, nunca encontrando mais que frieza em seus chefes, que permitiam, contudo, que falassem. Desses, com certa raridade, retornavam com um algum novo companheiro, que frequentemente se juntava à mesma iniciativa.

E assim passaram seus anos de vida, buscando fazer o que acreditaram ser o correto, sabendo que a distância entre os conhecimentos adulterados seriam vencidos um dia e que, nesse dia, as florestas verdejariam por todo lugar, progressivamente extinguindo o deserto para dar lugar a um novo e saudável ambiente. Um dia…


O grande oásis é o Espiritismo, cujo ensinamento os Espíritos vem nos transmitir, em esforço de colaboração. A água pura é o conhecimento resultante desse esforço, construído de maneira metodológica e científica. O rapaz é cada um que percebe essa distância entre o movimento espírita e o Espiritismo. Os vilarejos são os agrupamentos de adeptos espíritas onde não se fala em Kardec e onde o questionamento é visto como subversivo e prontamente coibido. O deserto é a situação atual do nosso mundo.

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