Enchentes no Rio Grande do Sul: resgate coletivo? Débitos de outras vidas? Carma? O que diz o Espiritismo?

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Mais uma vez, com certa inquietação, nos vemos obrigados a vir a público defender as vítimas desses desastres e suas famílias, bem como o Espiritismo, dos verdadeiros absurdos proferidos por certas bocas irresponsáveis. Desta vez, não escaparam as vítimas desse terrível desastre relacionado às enchentes no Rio Grande do Sul:

Ou seja: a ideia, para esses indivíduos descuidados, é que as pessoas que perderam suas vidas ou que sofreram os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, seriam Espíritos culpados, envolvidos com a Guerra dos Farrapos e que, agora, estariam “pagando seus débitos” através desse sofrimento. Terrível pensamento, ausente de caridade, de lógica e de racionalidade, proferido por indivíduos muito carentes do verdadeiro conhecimento do Espiritismo! Esquecem, eles, que muitos dos soldados envolvidos em todas as batalhas sequer queriam estar lá? Que foram obrigados a matar para não morrer?

Já falamos diversas vezes sobre o tema, direcionando o presado leitor à apreciação dos artigos seguintes:

Limitamo-nos, aqui, a reforçar que faz parte de nosso estágio evolutivo, encarnados neste planeta, estarmos sujeitos às calamidades naturais, que acometem bons e maus, sem distinção, provocando mudanças, aprendizado, etc. e que, conforme demonstrado nos artigos citados, nossa relação com Deus não é de débito e crédito, erro e castigo, etc.

Cabe recuperar, aqui, as questões importantes e claras sobre o tema, conforme O Livro dos Espíritos:

737. Com que fim fere Deus a humanidade por meio de flagelos destruidores?

“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.” (744.)

738. Para conseguir a melhora da humanidade não podia Deus empregar outros meios, que não os flagelos destruidores?

“Sim, e os emprega diariamente, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios. Necessário, portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza.”

a) — Mas nesses flagelos tanto sucumbe o homem de bem como o perverso. Será justo isso?

“Durante a vida, o homem tudo refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa pensa depois da morte. Ora, conforme temos dito, a vida do corpo bem pouca coisa é. Um século no vosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real (85). Esses os filhos de Deus e o objeto de toda a sua solicitude. Os corpos são meros disfarces com que eles aparecem no mundo. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos, ou perdidos. O general se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.”

b) — Mas nem por isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.

“Se considerásseis a vida qual ela é, e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos importância daríeis a isso. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.”

Venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo.

Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a contemplar toda a humanidade e abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo.

739. Têm os flagelos destruidores utilidade do ponto de vista físico, não obstante os males que ocasionam?

“Têm; mudam, por vezes, as condições de uma região. Mas em muitos casos o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam.”

740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, provas que os põem a braços com as mais aflitivas necessidades?

“Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus, e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se não estiver dominado pelo egoísmo.”

Voltamos a reforçar: o Espiritismo demonstra que não existe carma, lei do retorno, Deus punitivo, etc. Oferecemos nossas preces por todas as vítimas dessas tragédias, declaramos nossa perplexidade ante aqueles que estão deliberadamente dificultando o trabalho de salvamento, realizado pelos cidadãos, e pedimos a Deus que possa iluminar o pensamento desses que zombam da tragédia ou desejam o mal para os outros, pois o caminho de retorno ao bem lhes será custoso.

Nossos sinceros sentimentos às vítimas fatais das enchentes no Rio Grande do Sul e àqueles que tudo perderam. Que não percam de vista, jamais, o que seja o verdadeiro bem, cuja face temos visto nas atitudes dos cidadãos ali atuando.

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Indicações de Leitura (Livros)

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Pensamentos 4 sobre “Enchentes no Rio Grande do Sul: resgate coletivo? Débitos de outras vidas? Carma? O que diz o Espiritismo?

  1. Ao meu ver o Espiritismo ou Kardecismo resgata sim o conceito do Karma, da filosofia religiosa indiana. Na verdade, caso alguém estude as diversas filosofias da Índia, irá ver o o Kardecismo fez “um cópia” do ensino indiano, mas adaptando aos conceitos ocidentais, da época da sua elaboração francesa. Sugiro lerem pesquisas históricas e de ciência da religião para constatarem isso.
    O Karma não é algo punitivo, é somente um mecanismo de retorno. Se você, em vidas anteriores, acumula boas ações, você traz contigo uma espécie de “Karma positivo”, ou seja, na vida atual você pode estar usufruindo desta carga energética de vida passadas. Se você teve más ações, ou seja, suas ações acarretaram danos a outrem ou a própria Vida (natureza, por exemplo), você acumulou “Karma negativo”, que cedo ou tarde deverá ser recuperado na vida atual ou futura.
    O conceito de Karma é que toda ação realizada (causa) irá retornar para o individuo (consequência), e isso é uma forma de aprendizado – não é punitivo – e também um mecanismo que nos mantém na roda das reencarnações neste mundo.
    A lógica Espírita de praticar caridade é um ensinamento “básico” para os próprios indivíduos acumularem “Karma positivo” e evitarem o “Karma negativo”.
    Para não mais encarnar no plano material da Terra não pode mais haver “saldo de Karma, seja positivo ou negativo, e isso pressupõe ações em vida para além da dualidade do bem ou do mal que, como muitos poucos a conseguem neste mundo, é mais frutífero promover o ensinamento de “boas ações” a humanidade atual.

    1. Cristiane, isso não é verdadeiro. A essência do Espiritismo é de autonomia, e não de heteronomia. A caridade, por exemplo, não serve para acumular nada, pois a verdadeira caridade é aquela que não espera absolutamente nada em retorno, que não é feita por interesse, mas, sim, por dever moral. Para não mais encarnar na Terra, não há que se ter saldo algum, mas, sim, ter conquistado desenvolvimento suficiente para não ser mais necessário cumprir provas e expiações. A caridade verdadeira, bem entendida, é praticada por Espíritos mesmo ainda pouco desenvolvidos, que ainda necessitarão de muitas encarnações na Terra ou em planetas como o nosso, mas que, ainda assim, escolhem o bem ao invés do apego.

      É, ainda, falsa a ideia de lei do retorno, como já explicamos nos artigos destacados no texto. Remetemos a prezada leitora ao estudo da obra “Autonomia – A História Jamais Contada do Espiritismo“, de Paulo Henrique de Figueiredo

    2. Também fiquei sem entender em relação a não existir karma…. e a lei do retorno é muito comentada no espiritismo, o que planta colhe! Realmente fiquei sem entender!

      1. Ivy, veja os artigo citado no texto e poderá compreender melhor. Essas ideias são falsas, são distorções das verdadeiras ideias. A única coisa que existe é ação e consequência, sendo a consequência boa ou má. Se for má, o indivíduo pode escolher aprender com o resultado, corrigir erros e não se apegar, ou pode escolher se apegar e repetir o erro, porque lhe agrada em suas falsas ideias. É daí que nascem as imperfeições adquiridas, o mal: pelo afastamento do bem. O individuo que se afasta do bem estagna e sofre, até que resolva, por sua vontade, reconhecer seu desvio e depreender o caminho de volta ao bem, através de provas que visem o desapego. Entende? Então, visto dessa maneira, sim, aquele que planta a falsa ideia, que planta o apego, que planta o mal, colherá dificuldades e sofrimentos morais, mas não necessariamente a mesma coisa que plantou. Sugiro que estude o livro O Céu e o Inferno, da Editora FEAL (correspondente à versão original, não adulterada) que você pode baixar clicando aqui.

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