A FEB e sua contínua tentativa de manipular o Movimento Espírita
A Federação Espírita Brasileira, roustainguista praticamente desde suas origens, sempre atuou de maneira deliberada para manipular o Movimento Espírita, afastando-o do verdadeiro Espiritismo codificado por Allan Kardec. Já tratei desse desvio institucional em artigo anterior.
Sabemos bem (e, se você não sabia, agora sabe) que a FEB foi tomada por seguidores do dogmático Jean-Baptiste Roustaing a partir de 1895, quando Bezerra de Menezes — também adepto das teses roustainguistas — assumiu sua presidência. A partir dessa apropriação doutrinária, surgiu uma das maiores aberrações já vistas no Movimento Espírita Brasileiro: o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Trata-se de uma obra claramente inspirada por um Espírito mistificador — provavelmente Ismael — que serviu de base para a formulação do “Pacto Áureo” e, posteriormente, para a criação do ESDE (Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita), programa este totalmente permeado pelas distorções do roustainguismo.
Nas apostilas do ESDE, mais especificamente no capítulo 4, encontramos uma citação dessa obra (psicografada por Chico Xavier, sob suposta autoria espiritual de Humberto de Campos), que transcrevo abaixo com os devidos grifos:
[…] Foi assim que Allan Kardec, a 3 de outubro de 1804, via a luz da atmosfera terrestre, na cidade de Lião. Segundo os planos de trabalho do mundo invisível, o grande missionário, no seu maravilhoso esforço de síntese, contaria com a cooperação de uma plêiade de auxiliares da sua obra, designados particularmente para coadjuvá-lo, nas individualidades de João-Batista Roustaing (Jean-Baptiste Roustaing), que organizaria o trabalho da fé; de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica e de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes, cooperando assim na codificação kardequiana no Velho Mundo e dilatando-a com os necessários complementos.
Essa afirmação, em particular, é factualmente mentirosa. Roustaing não só não foi auxiliar de Kardec, como se colocava em nítida oposição ao Espiritismo genuíno, especialmente por sua recusa à metodologia científica que sustentava a obra kardequiana — ponto esse que representava verdadeiro calcanhar de aquiles de seus escritos místicos e doutrinariamente frágeis.
Recentemente, ao tentar mostrar essa distorção a um amigo, percebi que o tomo I do ESDE havia sido “revisado”, e a citação acima foi modificada: o nome de Roustaing foi simplesmente removido do trecho, como se nunca tivesse constado ali.

Uma tentativa sem-vergonha de apagar suas raízes roustainguistas sem, contudo, reconhecer publicamente o desvio doutrinário nem dar qualquer sinal de retorno ao caminho correto. Essa é a FEB: sempre operando nos bastidores, tentando controlar o Movimento Espírita e manter sua influência, exatamente como a Igreja Católica fez com o cristianismo ao longo dos séculos.
Não se enganem: a FEB continua roustainguista. Continua rejeitando a evocação e o exame racional das comunicações dos Espíritos — práticas essenciais à metodologia kardequiana. Continua tentando controlar a mediunidade conforme seus próprios dogmas, limitando-a aos moldes de seus centros (roustainguistas, embora se autodenominem “espíritas”). E continua silente quando deveria se levantar em defesa da verdadeira Doutrina Espírita.
A FEB, meus caros, só poderá ser considerada legítima quando, de forma pública e inequívoca, assumir seu desvio e reconhecer o erro histórico cometido. Não antes. Nunca antes disso.